"Manhã Submersa" de Vergílio Ferreira

Que bom é começar o ano com um livro assim. Será um bom pressagio? Vou pensar que sim.

Este é um livro triste e introspectivo. Segundo consta é também semi-autobiográfico, mas não falarei disso.

Aqui conta-se a historia da adolescência de António Lopes.

António era ainda muito jovem quando se viu obrigado a ir para o seminário. A sua família era pobre e viu nisto o escape da miséria, claro com o apoio e manipulação de Dª. Estefânia, uma beata rica da aldeia.

António recorda os anos de seminarista, relata e descreve toda a reclusão e disciplina a que está obrigado, a melancolia e saudade da aldeia e da sua "gente", os laços de amizade com alguns colegas. Descobre cedo que não tem vocação e deseja poder desertar, mas nunca tem a coragem. Torna-se homem no seminário e deseja intensamente poder ter uma mulher e filhos. Luta contra os seus próprios demónios (afinal todos nós os temos).Vê partir alguns colegas, mais corajosos ou loucos que ele. Vê morrer um grande amigo. Fica sozinho, por fim. Até que numas férias em casa de Dª. Estefânia decidido a mudar o rumo da sua vida, acaba por provocar um acidente e mutila-se, o que lhe dá liberdade para sair do seminário e procurar a tão desejada felicidade de uma vida normal.

É triste, sim. Mas também nos mostra que se queremos que a vida mude, temos de ir à luta. Não basta ficar especado à espera de uma mudança.

Adoro esta forma de escrever de Vergílio Ferreira, maravilhoso... Genial!

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Até Breve,
Ana C.