"O Outro Eu" de Daphne du Maurier
Este livro foi-me emprestado por uma cliente fã da autora. Já me tinha emprestado Rebecca e, em Fevereiro, trouxe-me "O Outro Eu". Entretanto veio o Covid-19 e estive com o livro em casa por ler durante quase toda a quarentena. Estava de pé atrás com ele, porque as letras me pareceram demasiado pequenas e no início tinha tentado ler 2 páginas e não tinha conseguido.
Lancei-me a esta empreitada, julgava eu, e dois dias depois o livro estava lido. Confesso que quando comecei a ler, as primeiras 12/13 páginas me aborreceram terrivelmente (isto já me tinha acontecido em Rebecca, questiono-me se será uma constante da autora), mas de repente dou por mim a ler sem parar, sem querer fazer mais nada, só continuar completamente mergulhada naquela história.
"O Outro Eu" traz-nos uma semana de loucos na vida de John, um professor inglês, com um fascínio enorme por França, que se sente perdido na vida, sem sentido para a mesma. John encontra-se em Paris, de férias, e eis que descobre um homem exactamente igual a si, até na voz. Os dois homens acham a situação caricata e o sósia de John, o Conde Jean de Gué, propõem-lhe uma troca de identidade, que John recusa.
Na manhã seguinte é acordado por um homem que desconhece e o trata por Monsieur le Comte, verifica que nenhuma das suas coisas se encontra no quarto e que tudo o que lá está pertence ao tal Jean de Gué, que conhecera na noite anterior. Tenta revelar a verdade, mas o homem que o acordou julga ser brincadeira e não o leva a sério. John decide ir com ele para o Château e começa assim a viver a vida de outro.
Depressa percebe que o Conde não é boa pessoa. Na casa, ou melhor, no castelo, todos o odeiam excepto a mãe e a filha. Além de que nos negócios de família encontra uma série de problemas. John decide tentar corrigir os erros do outro e melhorar o ambiente familiar, e acaba por se afeiçoar àquela vida, àquelas pessoas.
"Eu, Monsieur Jean, nunca acreditei em sonhos mas julgo que as crianças, como o animais, estão mais perto de Deus."
Não vos vou contar mais para não dar spoilers, mas este livro é tão viciante. Temos aqui duas pessoas exactamente iguais por fora e por dentro tão diferentes. Um é bondoso, introvertido e ponderado, enquanto o outro é egoísta, narcisista e calculista, além de muito extrovertido, claro.
Por momentos ficamos na dúvida se realmente existe uma outra pessoa, ou se aquele homem tem dupla personalidade, ou algo do género... Eu pelo menos fiquei na dúvida mais do que uma vez. Será?
"Às vezes, é uma espécie de indulgência fazer má ideia de nós mesmos. Dizemos: «Agora, estou no fundo do buraco, já não caio mais.» E quase sentimos prazer em chafurdar nas trevas. Mas o pior é que podemos afundar-nos ainda mais. O mal em nós é infinito, assim como o bem. Temos de escolher entre um e outro. Ou nos esforçamos por nos elevar, ou por cair. O importante é descobrirmos o caminho a tomar"
A escrita da autora é fluída e nem nos apercebemos dos tempo passar, só queremos continuar a ler e descobrir todos os mistérios. Quero ler mais livros da autora, sem dúvida.
Leiam este livro, a sério. É bom de mais. E eu que tinha as expectativas tão baixas fiquei maravilhada. Que leitura prazerosa! Recomendo muito.
Há dois filmes baseados neste livro (1959 e 2012)
Daphne du Maurier, Inglaterra (1907-1989)
Título Original: "The Scapegoat"
Data da primeira edição: 1957
Para mais informações sobre o livro, clicar aqui.
Boas leituras! 😉
Até Breve,
Ana C.
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