"Utopia", de Thomas More
Queria ler este livro há anos, e já o tinha na estante há talvez 2 ou 3 anos, mas ainda não tinha surgido o momento. Finalmente peguei nele para o ler, e estava tão ansiosa e com as expectativas tão altas, que bastaram algumas páginas para colocar tudo por terra... É o problema com as expectativas demasiado altas, corremos o risco de apanhar desilusão.
O livro é dividido em duas partes. O autor escreveu primeiro a segunda parte, e só depois completou com a primeira.
A primeira parte, ou o primeiro livro, o autor juntamente com duas personagens, Peter e Rafael, discute a sociedade em que viviam na época. Os roubos e os criminosos, as injustiças, o desequilíbrio social, a pobreza, o facto de as pessoas não terem alternativas quando são pobres e perdem tudo, etc.
O segundo livro é uma descrição pormenorizada dos hábitos e costumes de uma sociedade ao seus olhos "perfeita", na qual viveu 5 anos.
Essa sociedade perfeita era a Ilha de Utopia, onde vivia um povo organizado e feliz, sem conceitos de propriedade privada. É-nos dada a descrição da ilha, das suas cidades, dos magistrados, das artes e ofícios, da vida social e das suas ocupações, das viagens e do comércio com outras nações, do outro e da prata, da sua filosofia moral, do desejo de aprender, dos escravos, dos cuidados com os enfermos, dos costumes matrimoniais, dos castigos e procedimentos legais, das relações com o estrangeiro, da guerra, e por fim da religião.
A minha desilusão foi por culpa minha, pois, apesar de saber que se tratava de um livro com mais de 500 anos, julguei que a história seria diferente, que a acção se ia desenrolar na ilha, com os seus habitantes, os seus costumes etc, e não uma mera descrição, um registo do que lá era feito. Imaginei uma história verdadeiramente à volta da cidade em que aos poucos íamos desvendando o porquê de ser uma sociedade perfeita.
Além disso, para os parâmetros actuais, a Ilha está a milhas de ser perfeita. Havia escravos (os criminosos eram condenados à escravidão), as famílias numerosas tinham de mandar os seus filhos para casas menos numerosas de forma a haver equilíbrio. E as pessoas nem pestanejavam, não tinham sentimentos? Não podiam haver relações sexuais antes do casamento, caso contrário a pessoa é severamente castigada e proibida de casar o resto da vida e o divórcio era apenas permitido em raras excepções. As mulheres eram seres inferiores. Esta era uma sociedade patriarcal.
Claro que haviam coisas boas, mas no geral não gostei minimamente desta ilha, e jamais sonharia em ir para lá viver.
A palavra Utopia (Ideia ou descrição de um país ou de uma sociedade imaginários em que tudo está organizado de uma forma superior e perfeita. Sistema ou plano que parece irrealizável. = FANTASIA, QUIMERA, SONHO) foi inventada precisamente por Thomas More, neste livro.
Thomas More, Inglaterra (1478-1535)
Título Original: "Libellus vere aureus, nec minus salutaris quam festivus, de optimo rei publicae statu deque nova insula Utopia"
Data da primeira edição: 1516
Para mais informações sobre o livro, clicar aqui.
Boas leituras! 😉
Até Breve,
Ana C.
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