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"Demência" de Célia Correia Loureiro

Fico grata por ter entrado na comunidade bookstagram, pois sem ela certamente não teria descoberto e lido livros tão incríveis como este "Demência" de Célia Correia Loureiro.

Já o tinha na estante há cerca de um ano, e estava muito curiosa e ansiosa para o ler, mas outras leituras sobrepunham-se e este ia ficando para trás. Grande falha.

Em Junho meti na cabeça que o tinha de ler este Verão e assim o fiz, finalmente.




Tenho uma certa dificuldade em começar a falar sobre este livro. Ele mexe tanto com o leitor, que é inevitável sentirmos um turbilhão de coisas que nos aperta o estômago.


"Demência" conta-nos a história de vida de duas mulheres, Letícia e Olímpia, numa aldeia beirã. Estas duas personagens têm várias coisas em comum: sofreram violência doméstica, amam os filhos acima de tudo, vivem na mesma casa e odeiam-se visceralmente. Além disso, têm um forte elo de ligação. Letícia é nora de Olímpia.

Aos primeiros sinais de demência de Olímpia, Letícia é chamada para cuidar da sogra, e só aceita porque vive de favor em casa da irmã com as duas filhas pequenas, Luz e Maria, e sente-se a mais naquela casa. Mas ao chegar à aldeia da sogra todos os medos e traumas do passado regressam, assim como a injustiça popular que, apesar de ter sido mais que provado que Letícia sofria maus tratos e risco de morrer às mãos do marido, continua a considerá-la um monstro, a ostracizá-la e a idolatrar o verdadeiro monstro desta história.

Injustiça atrás de injustiça, avançamos nesta leitura com a garganta seca e o estômago às voltas. Como é possível, tanta ignorância, tanto preconceito e tanta maldade? 

Acompanhamos a luta desta mulher para dar uma vida normal às filhas, assim como percebemos a história infeliz de Olímpia e o seu amor cego pelo único filho, homem cruel e violento que à vista de todos era considerado honesto, bom e amigo. Assistimos também à velocidade da doença mental de Olímpia, que lhe consome a memória de dia para dia.


Apesar de ser uma história triste, sentimos a necessidade de continuar a ler até ao fim para descobrir se haverá ou não justiça para estas duas mulheres tão infelizes.


A escrita de Célia Correia Loureiro é envolvente, e prende-nos a cada página. Apesar de já ter as expectativas bastante altas, fiquei agradavelmente surpreendida com esta autora e cheia de vontade de ler mais livros ela. 

Ao abordar dois temas tão intensos de forma tão elegante, Célia cria um enredo fluído e emocionante e, mais do que isso, relembra problemas tão actuais e de resolução tão urgente: Idosos sozinhos com doenças mentais e violência doméstica banalizada.


Muito mais há a dizer sobre este livro, mas mais palavras não me ocorrem, de momento. Aconselho-vos a lerem para perceberem do que falo. É uma história que nos deixa cheios de emoção e vazios por dentro.



Que livro incrível! RECOMENDO MUITO! Leiam!



Para mais informações sobre o livro, clicar aqui.


Boas leituras! 😉


Até Breve,
Ana C.

Comentários

  1. Nunca li nada da Célia Correia Loureiro e tenho muita curiosidade em ler as obras dela. O Demência vai ser uma das minhas próximas compras. Boas leituras

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