"A Avó e a Neve Russa", de João Reis
Este foi o primeiro livro que li do autor, para participar no desafio #12meses12portugueses organizado no instagram pelo perfil @na.cama.com.os.livros
Já há algum tempo que queria ler algo deste autor pois as opiniões positivas não paravam de me aliciar.
Este belo livro traz-nos a história de um menino de dez anos que mora com o seu irmão mais velho e a sua avó (Babushka) que está cada vez mais doente devido aos "fumos tóxicos" de Chernobyl que inalou no passado. Esta criança procura vários meios de curar a avó, pois não confia na medicina tradicional e se a avó morrer, ele será separado do irmão pelos serviços sociais e a sua família ficará ainda mais dividida.
Ao longo destas páginas acompanhamos este menino na sua busca pela cura da avó, que tenta desde santos portugueses, unguentos chineses e cactos mexicanosi.
Com dez anos apenas, ele parece muito infantil e ingénuo numas coisas e demasiado filosófico noutras. Mas com algumas trocas linguísticas encantadoras e um espírito de perseverança impressionante agarra-se ao nosso coração e permanece lá. É uma criança bastante inteligente, gosta de estudar e de conhecer tudo. É muito curioso e corajoso.
Através dos olhos deste menino, vemos o mundo como ele é. Com sequelas de radiação, com "fumo medicinal" (referência às drogas que o irmão fumava), com bullying na escola (tratam-no por "Russkiy"), com sem-abrigos nas ruas, de quem é amigo, referências ao holocausto, etc.
É um livro doce e muito fácil de ler mas com temas bastante "pesados" inseridos subtilmente pelo autor.
Creio que este livro é mais intenso se tivermos perdido os nossos queridos avós recentemente através de uma doença que nos fez sentir impotentes. Os meus já partiram há bastante tempo, mas tenho pensado muito neles, involuntariamente. Pergunto-me se este livro me impressionou mais do que imaginei e seja por isso que os tenho tido no pensamento nos últimos dias.
Gostei bastante e recomendo a sua leitura a qualquer pessoa, talvez excepto a alguém que tenha perdido um familiar recentemente, como disse acima, pois pode relembrar a dor e o sofrimento da perda mais intensamente.
Espero voltar em breve à escrita maravilhosa de João Reis.
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