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"Livro", de José Luís Peixoto

Este foi o meu segundo encontro com a escrita de José Lui Peixoto. No ano passado li Galveias, que adorei, e não pensei que outro livro o mesmo autor me fosse arrebatar e igual forma. Que ilusão tao doce!

Decidi ler "Livro" para um desafio literário a página @literacidades, em que consiste ler um vencedor do Prémio Saramago ao longo do ano de 2021. 




Achei algumas parecenças com Galveias, no sentido da ruralidade e dos costumes tão tradicionais portugueses. A própria escrita é idêntica. Simples, mas poética.


"Livro" passa-se numa aldeia do interior de Portugal na segunda metade do seculo XX. Está dividido em duas partes, na minha opinião tão diferentes que quase podiam ser dois livros separados, não só pela história em si, mas também pela forma como estão escritas.


Na primeira parte, acompanhamos Ilídio desde criança até à idade adulta. Paralelamente à vida de Ilídio, observamos a vida de outras personagens, testemunhando a pobreza e a miséria do meio. Assim como em "Galveias", esta ruralidade foi, para mim, um voltar às origens, aos antepassados. Assistimos ao amor tímido, envergonhado e discreto de Ilídio e Adelaide e à sua separação quando esta é obrigada a partir para França. Ilídio tenta segui-la, na esperança de reencontrar o seu amor. A viagem dura e clandestina recorda-nos que a nossa liberdade atual foi conseguida com muito sofrimento, suor e sangue dos nossos pais e avós.

A primeira parte termina com o 25 de Abril de 1974, o que é perfeito dado todo o sofrimento que assistimos.


Na segunda parte começa com um pequeno exercício para o leitor. Em França, surge-nos uma personagem nova, que passa a ser a principal, a par de Ilídio e Adelaide. A miséria e pobreza são reduzidas e continuamos a assistir ao desenvolvimento da vida de todas as personagens. 

Se por um lado gostei mais da primeira parte, pois a senti mais emoção e interesse pela história, foi na segunda que encontrei resposta a algumas perguntas. Diria até que é na segunda que se encontra toda a genialidade deste livro. Incrível mesmo.


Uma das personagens que mais gostei foi o Josué, pedreiro de profissão, criou Ilídio desde criança como se fosse um filho. Tem um bom coração, é generoso e comove-se facilmente. Que personagem notável. Simples, mas grandiosa na sua essência.


Esta é uma história de encontros e desencontros, abandono, miséria, sofrimento amor, amizade e luta. Emocionei-me nalgumas partes, noutras foi-me roubado um sorriso. 


Não sei o que mais dizer deste livro. É um livro fácil de se devorar, mas aconselho a abrandar a leitura e ir saboreando. Eu acho que o li demasiado rápido.


Data da primeira edição de "Livro": 2010


Para mais informações sobre o livro, clicar aqui.


Boas Leituras!

Até Breve,

Ana C.

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